Somente armas imprestáveis foram devolvidas

 

O referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições, ocorrido no Brasil a 23 de outubro de 2005, não permitiu que o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento (Lei 10826 de 23 de dezembro de 2003) entrasse em vigor. Tal artigo apresentava a seguinte redação: “art. 35 – É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6º desta Lei“. 

No artigo 2º deste decreto ficava estipulado que a consulta popular seria feita com a seguinte questão: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”. No início da campanha, que foi realizada nos moldes das eleições normais, a vitória da proposta contida no Estatuto parecia uma verdadeira ‘barbada’, pois ninguém de ‘bom senso’ poderia ir de encontro à proibição de armas no país. Era o que parecia, mas não foi o que aconteceu.

Sedento de lucros, entrou em cena o lobby da indústria de armamentos, com uma campanha cara e pesada na TV, rádio e jornais, que acabou massificando a idéia de que todo cidadão ‘necessitava’ de uma arma em sua residência, para sua própria ‘segurança’.

Foi aí que o jogo virou. Os ‘esclarecidos’ cidadãos brasileiros, como que hipnotizados pelas rica propaganda veiculada na TV, votaram pelo “não”, aposentando de vez o art. 35 do Estatuto do Desarmamento, para alegria a glória dos poderosos fabricantes de armas. O resultado final foi de 59.109.265 votos rejeitando a proposta (63,94%), enquanto 33.333.045 votaram pelo “sim” (36,06%).

Daí por diante, as repetidas campanhas de desarmamentos que se seguiram de nada adiantaram, pois as armas que foram entregues à Polícia Federal não passaram, na sua maioria, de velhas ‘garruchas’, pistolas de 2 canos, espingardas de caçador, e revolveres velhos de calibre 22, que nem os pivetes qurem usar para praticarem seus rotineiros assaltos.

Ficamos, desta forma, com o suposto ‘direito’ de possuir armas em casa, mas sem podermos portá-las, enquanto que os bandidos, do mais reles ao mais sofisticado, possuem coleções das mais modernas armas, nacionais e importadas, que carregam na cintura quase que abertamente, para usá-las contra crianças, idosos, mulheres e homens de bem.

E lembrar que fomos nós que demos a eles esse ‘direito’…

Por DAVI FERRAZ

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