Ainda existem parteiras atuando no Brasil

 

ITAPETINGA: Me lembro de quando eu ainda era menino, o meu pai saindo apressado para ir buscar D. Rôxa, parteira renomada, para fazer o parto do meu irmão mais novo. Naquela época, em Itapetinga e em todas as outras cidades do interior, os partos eram feitos por parteiras experientes, dentro das próprias residências das gestantes, pois não haviam médicos suficientes para atender a todos os casos.

De lá para cá, apareceram os médicos, os hospitais, as modernas maternidades, os obstetras, os anestesistas, a cesariana e o avacalhado SUS, para esculhambar de vez com a saúde pública em todo o país, antes mesmo dela existir. Por consequência, as velhas parteiras foram aposentadas quase que definitivamente, exceto através de programas governamentais que tentam reviver essa prática, treinando mulheres para atenderam em regiões longínquas e isoladas.

Em Itapetinga, por ironia, a presença de parteiras seria de grande utilidade, pois as gestantes estão sendo levadas para Itabuna e Vitória da Conquista, porque na cidade não existem mais anestesistas atendendo pelo SUS. O único anestesista que existia, foi embora da cidade, desde dezembro de 2010, porque a Secretaria de Saúde do Município atrasou os seus salários durante 5 meses, levando o médico a desistir do contrato que mantinha com o município. Assim, quem quiser parir, que corra para outro lugar, se der tempo.

A situação é insustentável, até porque é preciso que a parturiente espere uma ‘autorização’ da CDM para se deslocar até as cidades vizinhas, como se o ‘menino’ pudesse ficar esperando a hora marcada para nascer. Já houve até um caso em que o parto ocorreu dentro da ambulância, próximo a Itambé, quando a gestante era conduzida, às pressas, para parir em Vitória da Conquista.

Portanto, meu caro prefeito e senhora secretária de saúde, se não existe grana para pagar os médicos, nem competência para gerir o sistema público de saúde, que venham então as parteiras e que Nossa Senhora do Bom Parto proteja as nossas gestantes…

Uma vergonha! 

Por DAVI FERRAZ 

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