Geraldo Trindade é pré-candidato a prefeito pelo DEM 

 

ITAPETINGA: Na tarde desta quinta-feira (12), a redação do Sudoeste hoje entrevistou com exclusividade o pré-candidato do Democratas, o Professor Geraldo Trindade. Leia a entrevista na íntegra:

Sudoeste Hoje: Como se deu o processo de indicação do seu nome como pré-candidato a prefeito pelo Partido Democratas de Itapetinga?

Geraldo Trindade: Sobretudo sem divergências internas, com total repeito aos postulantes à indicação e acima de tudo com muita transparência, paz e democracia. Conseguimos sair do processo de escolha sem nenhum embate, desconfiança, contratempo ou coisa semelhante. O partido está unido e pronto para demonstrar que tem total condição de recolocar Itapetinga no seu devido lugar.

Sudoeste Hoje: Quais os próximos passos a serem dados pelo DEM?

Geraldo Trindade: Não podemos perder de vista, por nem um minuto, o projeto de união dos partidos de oposição. O aprofundamento das discussões e estreitamento dos laços de confiança devem ser cultivados com muito carinho. Ao mesmo tempo deveremos apresentar nosso planejamento estratégico para administrar a cidade, pois nos próximos meses todos os nomes estarão colocados para pré-análise da nossa população, que em última análise decidirá sobre a chapa majoritária a ser montada no mês de junho. Apresentaremos de forma objetiva os projetos do DEM para o nosso município, não apenas com críticas, mas sobretudo com soluções que permitam recolocar Itapetinga no seu lugar de destaque regional. Precisamos ter em mente que o próximo prefeito, deverá ser um gestor de verdade, com bom preparo, vontade de aprender e de trabalhar. Tenho dito que mais que um lider local o prefeito de Itapetinga deverá ter condição de recolocar a cidade na posição de pólo regional, fazendo o papel de grande interlocutor e elo de ligação e união entre os prefeitos e lideranças dos municípios vizinhos, levando-os a entender e apoiar vários projetos que podem ser viabilizados em Itapetinga com reflexo regional como hospital de base, fortalecimento da UESB e do IF-Baiano, unidade de hemodiálise, centro de tratamento de câncer, usina de asfalto, dentre muitos outros.

O ex-prefeito José Otávio Curvelo apoia integralmente o nome de Geraldo

 

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Sudoeste Hoje: Itapetinga perdeu importância e prestígio regional?

Geraldo Trindade: Acredito que nem o mais cético dos itapetinguenses previu que afundaríamos tanto em apenas três anos. E os sinais de decadência são visíveis e fartos: dos 26 territórios da Bahia o de Itapetinga era um dos três que levava o nome da cidade pólo, num reconhecimento oficial que dentre os 18 municípios que o compõe Itapetinga era a referência. O nome foi mudado em maio do ano passado para Território do Médio Sudoeste sob a conivência e falta de moral do nosso prefeito; a sede regional do Tribunal de Contas dos Municípios TCM foi transferida para Vitória da Conquista, dificultando grandemente o trabalho de fiscalização dos vereadores; a inspetoria regional também fechou suas portas; mais de cem postos de trabalho foram perdidos com o fechamento do frigorífico Sudoeste e da Fosfocal; a luz vermelha acendeu na Vale Dourado que há vários meses não paga aos produtores de leite; a Azaléia está em franco processo de desmonte sem assistirmos a nenhum movimento de preocupação ou atitude efetiva por parte do prefeito e sua equipe. Tenho conversado com comerciantes da Av. Júlio José Rodriges e muitos estão prestes a fechar as portas devido à fuga dos clientes, em decorrência da situação de abandono que se encontram as vilas e daquela interminável obra na avenida.

Sudoeste Hoje: O prefeito pode se defender dizendo que não tem culpa por esses problemas?

Geraldo Trindade: É claro que não podemos atribuir ao prefeito a culpa direta por todos esses infortúnios, mas que ele não tem moral nenhuma e nem disposição para buscar alternativas e soluções isso é fato. Basta lembrar da Leite Glória que era a maior indústria regional, cujo fechamento ocorreu na gestão do Dr. José Otávio Curvelo. A solução de compra pela Vale Dourado através de financiamentos estadual e federal só foi possível graças a intensa mobilização do prefeito e isso ningúem contesta. Itapetinga deve voltar a ser respeitada e para isso precisamos eleger um prefeito de respeito, que consiga se impor, discutir sobre os vários problemas da cidade e região em qualquer esfera administrativa com conhecimento de causa e quando necessário, que tenha a coragem de bater na mesa e tomar as decisões que o cargo exige, sem precisar pedir o amém a nenhum guru vindo de Jerusalém, Egito, Israel ou adjacências.

Sudoeste Hoje: E os problemas provocados pela má atuação da prefeitura?

Geraldo Trindade: Esses que acabei de citar podem ser considerados macro, entretanto, vários sinais de regressão também podem ser vistos na jurisdição da prefeitura. Vejamos o exemplo da nossa educação. Quem em sã consciencia poderia prever que Itapetinga perderia 10% das matrículas da rede municipal de educação em apenas três anos? Pois isso está acontecendo e eu duvido que o prefeito sequer tenha tomado conhecimento dessa calamidade. De 2009 para 2010 a Secretaria Municipal de Educação perdeu 511 alunos e de 2010 para 2011 mais 569 crianças e adolescentes deixaram as escolas. Se no aspecto quantitativo estamos indo ladeira abaixo, quanto à qualidade a coisa não é diferente. De 2007 para 2009 Itapetinga teve o menor avanço de qualidade medido pelo IDEB, dentre todos os municípios da região, perdendo feio para Macarani, Maiquinique e Itarantim. Só ganhamos de Vitória da Conquista que ostenta o título de pior educação do País dentre as cidades com mais de 200 mil habitantes. Em Macarani, por exemplo, ficamos muito atrás em todos os indicadores de qualidade da educação avaliados pelo MEC. No último resultado do IDEB da 4ª série enquanto Itapetinga alcançou nota 3,4 (13% acima da meta), Macarani alcançou 4,9 (40% acima da meta). A medida do fluxo de Itapetinga (0,71) foi classificada como baixo, sendo que em Macarani a pontuação do fluxo (0,88) foi classificada como razoável. Na medida de proficiência, que indica o aprendizado, Itapetinga alcançou 4,76 pontos (razoável segundo o MEC), enquanto Macarani 5,59 (adequada também segundo o MEC). E o que é pior: apenas em 2009 e 2010 a Secretaria Municipal de Educação pagou mais de R$ 300 mil reais a firmas de consultoria e gestão. Como vemos não existe priorização do uso dos recursos disponíveis em nenhum setor da administração atual. Pelas informações da Secretaria Municipal de Saúde são necessários R$ 700 mil para equipar a UPA, que é uma esperança de melhoria do atendimento de saúde, e que esse recurso ainda não existe. Ora, como não existe? O prefeito contratou uma firma em janeiro ao preço de R$ 800 mil para fornecer cafezinho, pastel, quibe e coxinha. Desse total R$ 311.110,00 foram contratados pela mesma Secretaria de Saúde que afirma não ter dinheiro ainda para equipar a UPA. Então o que realmente falta é gestão séria, planejamento, competência e vergonha na cara.

A eficácia necessária não está sendo alcançada hoje porque o prefeito não realiza nenhum tipo de planejamento administrativo. Ele simplesmente flutua sobre os problemas que vão surgindo, dando soluções paliativas e empurrando as questões relevantes para debaixo do tapete.

 

Sudoeste Hoje: Como você pretende resolver essas questões caso chegue à prefeitura?

Geraldo Trindade: Montando uma equipe com pessoas de reconhecida competência, sendo 60% gestor e 40% político, pois nenhum município resiste a prefeito que tome decisões 100% políticas. Agir em prol da maioria, sem pensar numa possível reeleição no momento que tiver que tomar decisões corretas mas que desagradem a alguns. O modelo de privilégio a um pequeno grupo com distribuição de cargos desnecessários e inchaço da máquina pública está fadado ao fracasso. Estamos vivenciando isso aqui na nossa frente. Temos que reduzir os gastos com pessoal que pela Lei não podem ultrapassar 54% e segundo o TCM está em 63%, para com isso, inclusive, valorizar e pagar melhores salários para os funcionários concursados. Parece um paradoxo falar em redução de gasto com pessoal e pagar melhor o funcionalismo mas não é. E eu já dei provas que isso é possível, pois quando fui secretário de educação reduzimos a quantidade de vigias noturnos, por exemplo, de 33 para 13 sem alterar em nada a segurança do patrimônio e ao mesmo tempo esse período foi o único da história de Itapetinga que as merendeiras receberam adicional de insalubridade e os motoristas recebiam todas as horas extras trabalhadas. Não tenho dúvidas que podemos cortar pelo menos 50% dos cargos de confiança hoje existentes, sem a necessidade de adoção de nenhuma solução de continuidade. A máquina está inchada, com cargos demais e produtividade de menos. Os funcionários concursados recebem salários muito menores que os apadrinhados políticos e por isso sentem-se desprestigiados e desmotivados, assim como também existe muito servidor concursado ocupando cargo de confiança desnecessário. Temos que trabalhar com planejamento estratégico em todos os setores pois as cidades são estruturas urbanas complexas que demandam planejamento e a aplicação de técnicas cada vez mais eficazes para o seu desenvolvimento. A eficácia necessária não está sendo alcançada hoje porque o prefeito não realiza nenhum tipo de planejamento administrativo. Ele simplesmente flutua sobre os problemas que vão surgindo, dando soluções paliativas e empurrando as questões relevantes para debaixo do tapete. Nós teremos que conseguir seduzir e empolgar a nossa sociedade com projetos viáveis e metas muito bem definidas. Todos devem saber qual o próximo objetivo a ser alcançado e para onde os esforços deverão ser direcionados. E essa transparência também diz respeito à prestação de contas que devem ser de conhecimento público. Esse é um compromisso que deve ser assumido por todos os pré-candidatos. Todos, absolutamente todos os gastos da prefeitura deverão ser divulgados na Internet pelo menos a cada trimestre.

Sudoeste Hoje: O que o faz pensar que está preparado para ser o prefeito de Itapetinga?

Geraldo Trindade: Primeiro porque amo essa cidade. Muito antes de receber o Título de Cidadão Itapetinguense assim já me considerava. Aqui constitui uma família maravilhosa e tenho amigos de verdade. Vim para Itapetinga por opção com 19 anos de idade, recém aprovado num concurso do Ministério da Agricultura para ser professor da saudosa EMARC-IT onde tive a honra de ser professor por 20 anos e diretor por 5 anos. No segundo mandato do ex-prefeito José Otávio também tive a honra de ocupar o cargo de secretário municipal de educação, quando conquistamos prêmios e reconhecimento nacional e internacional concedidos por instituições como Unesco, Unicef, MEC e Undime. Também sou professor concursado da UESB desde 2006 lecionando várias disciplinas, dentre elas Políticas Públicas e Legislação e coordenando o Curso Pré-vestibular. Presto consultoria particular a diversas empresas agropecuárias. Elaboro projetos de fomento agropecuário para instituições federais desde 2005. Paralelo a todas essas atividades sempre gostei e continuo estudando. Sou zootecnista, possuo mestrado em meio ambiente e  estou concluindo um curso de doutorado. Tenho muito cuidado e respeito pelo meu nome e sempre me cerquei de pessoas competentes. Em resumo, não tenho preguiça. Gosto de desafios e de trabalhar.

Sudoeste Hoje: Como você recebe a crítica de que não dialogava com o sindicato dos professores quando era secretário de educação?

Geraldo Trindade: Todas as pessoas que acompanharam de perto a minha passagem pela secretaria sabem que essa informação não é verídica. Na verdade quando assumi a secretaria o diálogo já não existia. Eu sempre fui sindicalista no serviço público federal e por isso busquei promover a reaproximação com o sindicato dos professores, inclusive passando a participar de atividades por ele programadas. Acontece que alguns dos dirigentes sindicais da época, colocavam a política partidária acima dos interesses da classe e o diálogo voltou a ficar conturbado mas nunca foi cancelado. Por outro lado, ao mesmo tempo que o diálogo com o sindicato ficou estremecido fui o único secretário de educação que prestou contas trimestrais aos professores das receitas e despesas da secretaria. As prestações de contas não eram por escrito e sim ao vivo, no auditório do Colégio Noralice, possibilitando que qualquer um se manifestasse, inclusive dirigentes sindicais. Essa relação com os professores levou a alcançarmos várias conquistas, dentre elas a promulgação do único plano de carreira da história do magistério muncipal de itapetinga sancionado em 2003. Democracia e liberdade de expressão são questões inegociáveis. No nosso plano de trabalho constará, inclusive, o compromisso da implantação da gestão democrática na rede municipal de educação incluindo eleição direta para escolha dos diretores de todas as unidades educacionais num prazo máximo de 12 meses após a posse.

Sudoeste Hoje: Esteja a vontade para suas considerações finais.

Geraldo Trindade: Apesar do pouco tempo espero ter conseguido traçar as linhas gerais que nortearão as nossas propostas, que em breve serão detalhadas e levadas à apreciação de todos. O foco como dito, deverá ser a gestão eficiente com austeridade e economia dos recursos públicos. Qualquer proposta que não trace um plano rigoroso de austeridade não poderá projetar melhorias para a nossa cidade, pois nos dias atuais os municípios estão sobrecarregados de atribuições, com poucos recursos disponíveis para investimentos. Não existe dinheiro sobrando quem quiser realizar algo de proveitoso e ter sucesso  terá que ser mais gestor do que político, cortando na carne os excessos para conseguir alguma folga para atuar nos problemas básicos da nossa cidade como priorização de investimentos nos bairros, saneamento, educação, saúde, limpeza pública e a busca incessante do retorno do prestígio e importância da nossa querida Itapetinga no contexto regional. Agradeço ao Sudoeste Hoje pela oportunidade para darmos início à divulgação das nossas propostas, que com toda certeza contagiarão a nossa população, pois são, ao meu ver, independente de quem seja o próximo prefeito, a única saída para alcançarmos o desenvolvimento harmônico e sustentável, equilibrando o crescimento econômico com a proteção ao meio ambiente e com o desenvolvimento humano que tanto esperamos. 

Por DAVI FERRAZ

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