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CGU apura sumiço de R$ 4,2 milhões destinados pela Petrobras para restauração do Convento de Cairu, no Baixo Sul da Bahia. Nome de Rosemberg Pinto, ex-Gerente de  Comunicação da Petrobras, aparece como articulador do patrocínio, mas ele nega e diz que não se lembra. Na eleição de 2010, foi o 2º colocado em Cairu.

Bahia Notícias

Gerente de Comunicação Institucional da Petrobras no Nordeste, em 2007, quando a estatal concedeu patrocínio para a restauração do Convento de Santo Antônio, na cidade de Cairu, no baixo sul baiano, o deputado estadual Rosemberg Pinto, líder do PT na Assembleia Legislativa, nega ter conhecimento dos trâmites que envolveram a escolha do projeto para receber o benefício.

De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), houve favorecimento na escolha da beneficiada, que causou prejuízo de R$ 4,2 milhões ao erário. “Não estou a par do caso e nem lembro. Saí da Petrobras há oito anos, até já me aposentei”, justificou o parlamentar, braço-direito do ex-presidente da companhia e atual secretário de Planejamento do Estado, José Sérgio Gabrielli, em entrevista ao Bahia Notícias.

Conforme divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, um relatório da CGU (veja aqui) apontou privilégios para a entidade e a empresa responsáveis pelo projeto, respectivamente, a ONG Grupo Ecológico Humanista Papamel (Própagulos prum Ambiente Ecologicamente Legal) e a construtora subcontratada Patrimoni, fundada pouco antes da assinatura dos contratos com a petrolífera.

A controladoria reuniu uma série de e-mails entre os responsáveis pela restauração e a Gerência de Comunicação Institucional da estatal, que indicam “claramente o direcionamento na seleção da entidade proponente”. A troca de mensagens eletrônicas ocorre antes da assinatura dos contratos, cujo signatário, por parte da Petrobras, é o gerente-executivo de Comunicação Institucional, Wilson Santarosa. Segundo o petista, os contratos relacionados à restauração eram executados pelo departamento de comunicação do Rio de Janeiro.

“Eu não participei de nenhuma negociação. É claro que lembro que teve restauração do Convento, mas isso não passou por mim. Quem resolve isso é o pessoal do Rio de Janeiro. É melhor procurar a Petrobras, eu nem trabalho mais lá e não tenho como dar informações”, esquivou-se o chefe do partido do governador Jaques Wagner na AL-BA.

No anúncio do patrocínio, o deputado, então gerente institucional da estatal, foi fonte de uma reportagem sobre a restauração publicada pela própria Agência Petrobras, no dia 5 de janeiro de 2007 (veja aqui). No texto, ele informou que “a comunidade local pediu que fosse mantida a finalidade religiosa do convento, para culto e eventos, bem como a preservação da área destinada à residência dos frades”. “O convento é um espaço para uso da comunidade, com fins sociais e religiosos. O projeto prevê a montagem de toda uma infraestrutura adequada à visitação turística, tanto ao convento quanto à igreja, sempre em comum acordo com a comunidade dos frades”, explicara.

Em 5 de junho de 2009, em matéria publicada pelo Jornal da Metrópole sobre o estado das obras, que até hoje estão inacabadas, o petista também é citado pelo frei Lucas Dolle, então integrante da Diocese de Cairu e morador do convento. O religioso, que morreu em fevereiro do ano passado em um acidente de carro na BR-101, próximo a Valença, afirmou à Metrópole que solicitou por escrito R$ 100 mil ao parlamentar, em 2006, quando ele visitava a região.

“Pedi a verba para tentar melhorar a situação da igreja e, após algum tempo, Rosemberg respondeu que daria o restauro todo”, relatou Dolle na época. Ao ser questionado sobre os fatos narrados pelo frei, o parlamentar sugeriu que o Bahia Notícias se dirigisse a ele e, embora esquecido dos detalhes que envolveram a restauração, lamentou sua morte – “oh, ele morreu? Não sabia”.

Em 2010, na campanha que o levou ao Legislativo baiano, Rosemberg Pinto foi o segundo deputado estadual mais votado em Cairu, onde obteve 11,5% dos votos válidos.

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