PILÃO ARCADO

49,84% da população do município faz as necessidades ‘no tempo’

Mesmo na aspereza da caatinga, o assunto tem que ser tratado com eufemismos. É preciso medir as palavras na hora das perguntas. “E como o senhor ‘se vira’ para ir ao banheiro, seu Arnaldo?”. A resposta resume a criatividade e sapiência do povo sertanejo, capaz de se superar nas situações mais indignas. “Moço, a gente faz por aí mesmo, no meio do tempo”. Estamos no povoado de Pedrinha, próximo à sede de Pilão Arcado, Norte do estado.

O “tempo”, para Arnaldo Borges, 38 anos, é o mato, a vegetação de juremas, juazeiros, palmas e mandacarus. Longe de ser uma exceção, Arnaldo faz o mesmo da população de metade dos domicílios do município, que, segundo dados do IBGE, não tem banheiro em casa. Ou seja, o tempo que serve de vaso sanitário para seu Arnaldo parece não ter passado em Pilão, que em alguns povoados vive em outra era da história da humanidade.

Ao todo, 49,84% dos imóveis, a maioria na zona rural, simplesmente improvisam na hora de “ir ao banheiro”, seja para tomar banho, urinar ou defecar. “Até se der vontade no meio da noite, a gente tem que ir para o meio do tempo”, repete Arnaldo. “Quantas vezes fiz debaixo de chuva?”, lembra. Leia mais no Correio*.

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