O médium José Medrado, na Cidade da Luz, obra que administra

O médium José Medrado, na Cidade da Luz, obra que administra 

Tribuna da Bahia

O médium José Medrado, de Salvador, publicou em sua página no Facebook respostas às causas espirituais sobre as mortes coletivas de Santa Maria, após o incêndio da Boate Kiss. Veja o que diz Medrado: “Na madrugada do último domingo, o Brasil se chocou com a mais de cem mortes no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Considerado o terceiro maior do mundo em casas de espetáculo. A partir daí, natural, que me surgissem as perguntas sobre as causas espirituais dessas mortes coletivas, o que poderia explicar? Infelizmente se criou no movimento espírita nacional um fatalismo às avessas, onde tudo se explica por um tal não foi “por acaso”, ressoando em explicações cármicas, em uma espécie de expiação de culpas passadas de uma única vez. LEI MATÉRIA COMPLETA:

As obras de Allan Kardec são, em verdade, a real referência que se deve ter acerca do que prega a doutrina, tudo o mais, por excelentes que sejam os seus canais receptores, são complementos que precisam ser confrontado com o que está no que nós espíritas chamados de codificação (Os livros lançados por Kardec).

O Espiritismo se propõe a ser uma religião calcada em uma fé raciocinada, mas, infelizmente, muitos companheiros pregadores, difusores da doutrina se esquecem deste essencial aspecto e enveredam pelo reducionismo de conceitos pragmáticos, de concepções limitadas.

O Livro dos Espíritos traz no seu capítulo sobre Flagelos Destruidores, das perguntas 737 a 741, explicações que poderiam se aproximar a essas mortes resultadas de grandes tragédias, não, necessariamente, em casos como o em análise. Interessante observar que nessas perguntas não se diz nada a respeito da reunião que não foi por acaso e coisas e tais. Chama-me em particular a atenção o que lemos na resposta 744 quanto ao “advento de uma melhor ordem de coisas” – o que vemos que de logo acontece em novas práticas e na 742 diz que: “ Muitos flagelos resultam da imprevidência do homem”.

Ora, não resta dúvida alguma que foi o caso do que aconteceu no Rio Grande do Sul, pois a banda que se apresentava acendeu um sinalizador como parte do show, em ambiente totalmente inadequado para aquela exibição. Dizer então que não aconteceu por acaso, que aquelas pessoas que morreram seguiram o seu carma, é reducionismo que apequena o livre arbítrio, ou institui o destino como algo pré-estabelecido, o que não é verdade. A irresponsabilidade humana, aliada a negligência ceifaram aquelas vidas e por isto, sim, os responsáveis criaram um carma negativo pesado.

É preciso que se pontue que quando se fala que não foi por acaso, precisamos dizer que o regime da situação em que nos encontramos, o estado de sociedade e cultura a que estamos submetidos e participamos, aí sim gera o que nada é por acaso. Não é por acaso que uma bala perdida atinja um morador de uma comunidade violenta, o local propicia, em tese, o que não deveria, a que isto aconteça. Dessa forma, o Brasil é um país de jeitinhos, o que não se pode descartar que não estamos livres de concessões, autorizações sem critério ou sem fiscalização devida, aí é que está o que não é por acaso. Aqueles jovens não precisavam morrer como morreram”.

Veja o que diz o Livro dos Espíritos

737. Com que fim Deus castiga a Humanidade com flagelos destruidores?
— Para fazê-la avançar mais depressa. Não dissemos que a destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem em cada nova existência um novo grau de perfeição? E necessário ver o fim para apreciaras resultados. Só julgais essas coisas do vosso ponto de vista pessoal, e as chamais de flagelos por causa dos prejuízos que vos causam; mas esses transtornos são freqüentemente necessários para fazer com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos(1). (Ver item 744.)

738. Deus não poderia empregar, para melhorar a Humanidade, outros meios que não os flagelos destruidores?
— Sim, e diariamente os emprega, pois deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. E o homem que não os aproveita; então, é necessário castigá-lo em seu orgulho e fazê-lo sentir a própria fraqueza.

738 – a) Nesses flagelos, porém, o homem de bem sucumbe como os perversos; isso é justo?
— Durante a vida, o homem relaciona tudo a seu corpo, mas, após a morte, pensa de outra maneira. Como já dissemos, a vida do corpo é um quase nada; um século de vosso mundo é um relâmpago na Eternidade. Os sofrimentos que duram alguns dos vossos meses ou dias, nada são. Apenas um ensinamento que vos servirá no futuro. Os Espíritos que preexistem e sobrevivem a tudo, eis o mundo real. (Ver item 85.) São eles os filhos de Deus e o objeto de sua solicitude. Os corpos não são mais que disfarces sob os quais aparecem no mundo. Nas grandes calamidades que dizimam os homens, eles são como um exército que, durante a guerra, vê os seus uniformes estragados, rotos ou perdidos. O general tem mais cuidado com os soldados do que com as vestes.

738 – b) Mas as vítimas desses flagelos, apesar disso, não são vítimas?
— Se considerássemos a vida no que ela é, e quanto é insignificante em relação ao infinito, menos importância lhe daríamos. Essas vítimas terão noutra existência uma larga compensação para os seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem lamentar.

Comentário de Kardec: Quer a morte se verifique por um flagelo ou por uma causa ordinária, não se pode escapar a ela quando soa a hora da partida: a única diferença é que no primeiro caso parte um grande número ao mesmo tempo.

Se pudéssemos elevar-nos pelo pensamento de maneira a abranger toda a Humanidade numa visão única, esses flagelos tão terríveis não nos pareceriam mais do que tempestades passageiras no destino do mundo.

739. Esses flagelos destruidores têm utilidade do ponto de vista físico, malgrado os males que ocasionam?
— Sim, eles modificam algumas vezes o estado de uma região; mas o bem que deles resulta só é geralmente sentido pelas gerações futuras.

740. Os flagelos não seriam igualmente provas morais para o homem, pondo-o às voltas com necessidades mais duras?
— Os flagelos são provas que proporcionam ao homem a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar a sua paciência e a sua resignação ante a vontade de Deus, ao mesmo tempo que lhe permitem desenvolver os sentimentos de abnegação, de desinteresse próprio e de amor ao próximo, se ele não for dominado pelo egoísmo.

741. E dado ao homem conjurar os flagelos que o afligem?
— Sim, em parte, mas não como geralmente se pensa. Muitos flagelos são as conseqüências de sua própria imprevidência. Á medida que ele adquire conhecimentos e experiências, pode conjurá-los, quer dizer, preveni-los, se souber pesquisar-lhes as causas. Mas entre os males que afligem a Humanidade, há os que são de natureza geral e pertencem aos desígnios da Providência. Desses, cada indivíduo recebe, em menor ou maior proporção, a parte que lhe cabe, não lhe sendo possível opor nada mais que a resignação à vontade de Deus. Mas ainda esses males são geralmente agravados pela indolência do homem.

Comentário de Kardec: Entre os flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocados em primeira linha a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais à produção da terra. Mas o homem não achou na Ciência, nos trabalhos de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições higiênicas, os meios de neutralizar ou pelo menos de atenuar tantos desastres? Algumas regiões antigamente devastadas por terríveis flagelos não estão hoje resguardadas? Que não fará o homem, portanto, pelo seu bem-estar material, quando souber aproveitar todos os recursos da sua inteligência e quando, ao cuidado da sua preservação pessoal, souber aliar o sentimento de uma verdadeira caridade para com os semelhantes?

742. Qual a causa que leva o homem à guerra?
— Predominância da natureza animal sobre a espiritual e a satisfação das paixões. No estado de barbárie, os povos só conhecem o direito do mais forte, e é por isso que a guerra, para eles, é um. estado normal. A medida que o homem progride, ela se torna menos freqüente, porque ele evita as suas causas e, quando ela se faz necessária, ele sabe adicionar-lhe humanidade.

743. A guerra desaparecerá um dia da face da Terra?
— Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Então todos os povos serão irmãos.

744. Qual o objetivo da Providência ao tornar a guerra necessária?
— A liberdade e o progresso.

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