Ricardo Noblat, Blog do Noblat

Veja acima, o programa de propaganda eleitoral de Nelson Pelegrino, candidato do PT a prefeito de Salvador, levado ao ar na noite do último sábado. Na noite anterior, a presidente Dilma Rousseff foi a estrela de um comício de Pelegrino no bairro pobre de Cajazeiras, a maior zona eleitoral da cidade. Tem algo como 133 mil eleitores.

O adversário de Pelegrino é ACM Neto, do DEM, deputado federal, que venceu o primeiro turno e lidera a mais recente pesquisa de intenção de votos aplicada pelo Ibope.

ACM Neto mede 1m68.

Você pode assistir aos 10 minutos do programa, se quiser. Ou se limitar a ouvir o que disse Dilma em trecho do seu discurso escolhido para abrir o programa.

Sem citar o nome de Neto, Dilma disse:

– Aqui não pode ter um governinho.

(A platéia vibra).

Ela segue:

– Não pode ter um governo pequenininho.

(A platéia vibra.)

Quando ela afirma: “Aqui temos que ter um grande governo”, Pelegrino, que mede mais de 1m80, levanta os braços sorridente. E é aplaudido.

O que Dilma diria se algum adversário dela, sem citar seu nome, dissesse algo do tipo:

– Não podemos ter em Brasília um governo gordo, mas um enxuto, em boa forma. Um governo ágil.

Por que a platéia achou graça e bateu palmas ao ouvir Dilma falar em “governinho” e em “governo pequenininho”?

Simples: porque entendeu o que ela quis dizer. Entendeu a quem ela se referia.

Se ACM Neto medisse 1m90, produziria o mesmo efeito Dilma dizer que Salvador não pode ter “um governinho” ou “um governo pequenininho”? Claro que não.

Isso é bullying. É uma manifestação de preconceito.

Dilma valeu-se de uma característica física do seu adversário para mexer com ele.

Por que não disse seu nome?

Para não ser acusada de preconceito.

O trecho do discurso da presidente sumiu do programa de ontem à noite de Pelegrino. Alguém deve ter se tocado.

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