Por Milton Marinho

A Direc 14, com sede em Itapetinga, promoveu concurso de artes visuais e vídeo na quinta-feira passada, no Colégio Modelo. A iniciativa foi muito boa, pois serviu para estimular a garotada a ver a vida de pontos de vistas estéticos com capacidade de alterar a realidade de sociedades, o que deve ser o objeto de toda arte, alterar no sentido sócio/ estético/ cultural. Inauguro esta coluna, não para cobrar desta turma de fazedores de arte algo que estão além de suas posses, o que seria um desvario, celebrar também esses novos autores como uma promessa com futuro radiante é muito arriscado, mas como quem não arrisca não petisca… Viver é uma tarefa de riscos e a arte se restringe a um número restrito de indivíduos, cuja produção objetiva servir a um número bem maior em sociedade. Quem arrisca mais, corre mais risco de pertencer à plêiade e gozar da pequena ou grande imortalidade em seu olimpo.

Faz-se urgente que o estado leve o seu braço até estes rincões, quer seja através da Direc, ou através dos incentivos e dos instrumentos que dispõe, (ou da criação de outros).  Não deve o estado e seus tentáculos fazer corpo mole em relação à questão, engambelar os “bestas” com esmolas, criar panelinhas nos grandes centros e liberar as migalhas para quem vive por aqui. Os tais defensores de políticas públicas que pensam que foi aqui que Judas perdeu as botas e que temos a obrigação histórica de achá-las estão redondamente enganados. Itapetinga, Itororó, Firmino Alves e adjacências representadas, sinalizam que a juventude tem sede de arte. O estado precisa fomentar esta sede através das escolas ou de oficinas e entrepostos de Belas Artes permanentes em cada uma das 417cidades da Bahia. Só de ações como a Direc XIV não vão dá conta de escoar o possível potencial capaz de fazer eclodir nestes territórios os nossos futuros artistas, sem ela, seriam muito pior.

No salão da premiação, dei minha nota maior para a “cidadezinha” de uma moça por nome Sheyla do CETEP Itororó, coincidentemente. A disposição, a singeleza do traço, o acento ingênuo da composição, a fluidez das cores com que elaborou o seu trabalho não ficou devendo muita coisa aos novos Naifs do estado, longe de alcançar Djanira ou Valdomiro de Deus, dois monstros sagrados de nossa pintura, entretanto a mesma (Sheyla), não fora sequer citada. Vale lembrar que Paris teve o seu salão dos recusados, e os impressionistas (depois do salão), têm dominado o mercado de arte dos séculos XX e XXI. Em certas ocasiões a negação do caminho é o caminho mais poderoso para o artista seguir em frente na sua viagem rumo ao novo mundo que lhe espera. O que sobra de vontade nos jovens talentos da Direc, falta em disciplina e técnica, matérias que virão quando eles derem conta de que na internet existe outra face muito além do “Face” book e outras redes que os distanciam da ARTE. Faço a intrigante observação, começando pela obra que não fora contemplada nem com menção honrosa. Debruçarei na próxima semana, meu olhar sobre as outras três que mereceram os louros da premiação.

Artistas de todo o Brasil correi! Faça o seu “Ocupe” da grande árvore de comunicação, a NET.  Peçam passagem aos frutos podres nela contidos e colham os melhores frutos que ficam no alto de sua copa, transforme-a em algo a seu favor e bom apetite!

 

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