O Ministério Público da Bahia (MP-BA) emitiu recomendações contra os planos de uma empresa chinesa de instalar, em Amargosa, uma base de criação e melhoramento genético de jumentos destinada à produção de ejiao, substância usada na medicina tradicional chinesa. A informação foi divulgada pela Folha de S.Paulo.

O órgão ministerial alertou para os riscos de abates indiscriminados, falta de controle ambiental e sanitário e para a possível extinção do jumento nordestino, cuja população caiu mais de 90% nas últimas três décadas.

A Prefeitura de Amargosa declarou que qualquer iniciativa futura envolvendo frigoríficos e exploração de animais dependerá de conformidade com as leis ambientais e de bem-estar animal. O projeto anunciado pela empresa inclui tecnologias como o uso de sêmen congelado de jumentos chineses e a oferta de treinamentos técnicos na região.

A exploração de jumentos para a produção de ejiao já ocorre em países africanos, onde a extinção local da espécie tem causado impactos sociais e econômicos significativos. O jumento nordestino, por sua resistência e genoma único, é considerado estratégico diante das mudanças climáticas.

A legalidade do abate de jumentos continua em debate judicial. Em decisão recente, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) proibiu a prática em todo o país, reforçando o embate entre interesses econômicos e a preservação ambiental.

O QUE É EJIAO?

Ejiao é uma gelatina feita do colagénio extraído da pele de burros, utilizada na medicina tradicional chinesa há mais de 2.000 anos como tónico sanguíneo para tratar problemas como anemia e infertilidade, e para melhorar o aspeto da pele e a vitalidade. O produto é consumido como suplemento alimentar ou em cosméticos. A crescente procura por ejiao tem causado um declínio drástico na população de burros em várias partes do mundo, o que leva a preocupações éticas e ambientais. 

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